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Fidelização da cliente


Ser gigolô já não é o que era.
Nos dias que correm, grande parte das mulheres que recorrem aos serviços deste tipo de profissional não procuram apenas o prazer sexual efémero. Querem uma experiência completa. Preferem a fantasia do “homem perfeito” e não apenas do “corpo perfeito”.
Como forma de adaptação a esta nova e exigente clientela, o gigolô/macho-latino – ao estilo de Zezé Camarinha – tem-se rapidamente extinguido. Está a ser substituído, em larga escala, pelo homem sapiente das coisas da vida, atraente e cuidado, capaz de tratar a mulher como uma deusa fora da cama e como um objecto sexual debaixo dos lençóis.

Tal como em todas as áreas da vida profissional, há aqueles que se salientam graças aos talentos que demonstram.
António Vaz é um desses homens.
Com trinta e dois anos de idade, um corpo capaz de fazer inveja a muitos homens, uma grande eloquência e um sentido de empatia fora do comum entre as mulheres, António Vaz é hoje um dos acompanhantes mais bem pagos deste país. Ganha cerca de mil euros por dia. Apenas com uma cliente diária. Afinal, na opinião de António, “é impossível dar a atenção devida a uma cliente se estivermos continuamente a olhar para o relógio e a pensar na cliente seguinte”.

Estamos, portanto, na fase da História em que até os prostitutos(as) têm de se preocupar com a atenção ao cliente, excelência de serviço e técnicas de marketing eficazes.
Com a permissão de António Vaz, decidimos segui-lo durante um dos seus dias de trabalho. Para isso utilizámos câmaras e microfones de espião nas suas roupas, gravadores de precisão, e temos aqui António ao nosso lado para ajudar a desvendar toda a informação que o equipamento não nos conseguir transmitir.

Como podem calcular, não revelaremos a identidade da cliente de António. Podemos apenas informar que se trata de um quadro superior de uma instituição financeira de renome.

António, descreva-nos então o processo.

Ora bem, como podem ver, decidi encontrar-me com a doutora Madalena – vamos tratá-la por esse nome – num dos pisos do estacionamento do Centro Comercial Colombo.

Reparei que está a entrar para o carro da Madalena, em vez dela entrar para o seu. Isto não será arriscado?

Seria, se a Madalena fosse casada. Podíamos ser vistos por alguém que conhecesse o casal. Como não é o caso, ela própria não se importa. Para além disso, o jogo começa aqui. Após ter andado de carro com ela pela primeira vez, manifestei interesse em que fosse sempre ela a conduzir. Disse-lhe que me sentia seguro ao lado dela.

Mas quer dizer que isso não corresponde à verdade?

Porra, olhe para a maneira como ela conduz! Quase que ia acertando naquele segurança que estava encostado ao pilar! Sabe, eu meti-me nesta profissão não só pelo dinheiro e pela oportunidade de foder mulheres, mas também pela sensação de perigo. E com a Madalena ao volante, estou decididamente em perigo! Mas ela sente-se elogiada. Provavelmente foi a primeira vez que algum homem na sua vida lhe disse que ela conduzia bem…

E para onde é que costumam ir?

Podíamos ir imediatamente para um hotel qualquer. Muitas das minhas clientes adoram fazê-lo logo. Mas eu gosto de as incitar a dar uma voltinha pela cidade. Digo-lhes que gosto de falar um pouco e ver algumas vistas, debaixo duma capa de timidez aparente. Isso fá-las sentirem-se perversas e excitadas. Um pouco como mães e amantes simultaneamente.
É apenas um quebra-gelo que ajuda a subtrair o elemento mecânico e comercial da equação. Ao contrário dos homens que vão às putas e que só querem é foder, as gajas adoram sentir que estão a ter uma relação credível com um ser humano, nem que seja por pouco tempo.

E do que é que costumam falar?

Das mais variadas coisas. Depende da pessoa. Se for uma cliente recorrente, já tenho tema de conversa preparado. Costumo levar comigo um gravadorzito escondido e tenho o hábito de gravar as conversas das minhas sessões. Quando chego a casa, faço uns ficheiros mp3 com essas gravações e coloco-os na ficha da cliente respectiva. Sempre que há uma marcação, só tenho de fazer o trabalho de casa e ouvir os respectivos ficheiros sumariamente. Assim já sei o que hei-de perguntar.

E isso resulta?

Se resulta! Algumas delas confessam-me que sentem estar com um amigo e não com um acompanhante. E algumas até dizem que nem os maridos, colegas ou amigos querem saber das coisas que lhes dizem respeito. Desenvolve-se um laço de amizade. E acabam por confessar-se das mais variadas coisas (algumas delas bem maradas!), porque sabem que não me vou esquecer. É apenas mais um elemento de fidelização de clientela.

E como é que a aventura progride? Estou a ver que pararam num miradouro no Restelo…

A Madalena gosta muito daquele miradouro. Acho que costumava ir para ali com um namorado que teve há uns anos. Não tenho bem a certeza. Tenho de consultar a ficha dela. Mas gosta de me levar para ali. Aliás, é ali que se começa a confessar dos maus bocados que anda a passar, das amarguras que sente no emprego, etc. Até chegar ao miradouro costuma ser conversa trivial.

Portanto, na sua opinião, a fase da conversa é importante para a mulher.

Há duas coisas muito importantes a tomar em consideração quando se tenta dar a volta a uma mulher através da conversa. Uma delas é deixá-la falar mais que nós. Antes de ser cliente, ela é uma mulher. O que significa que anda às aranhas sobre muita coisa e sente necessidade de se exprimir constantemente. E depois é preciso fazer um esforço genuíno para nos mostrarmos interessados nas trivialidades que elas têm para contar.

Calculo que essa seja a técnica que mais trabalho dá para desenvolver. (risos másculos e machistas!)

É verdade. Oiça, as mulheres são especialistas na detecção de quem lhes está a tentar dar a volta. Não adianta concordar com tudo o que dizem pois isso vai deixá-las de pé atrás. O truque é entrar numa espécie de transe. Passamos a estar num mundo diferente em que tudo o que as mulheres dizem é fantástico e fascinante. Tentamos aprender com elas as magníficas coisas que nos relatam. Porque têm de nos parecer magníficas! Caso contrário, não funcionará. Ou seja, precisamos enganar-nos a nós próprios para conseguir estimular interesse na mulher.

E o passo seguinte?

Bem, na verdade, a maior parte das mulheres que vêm ter comigo não precisam de grande estímulo. Se me estão a pagar, é porque me querem para alguma coisa.
Mas eu gosto de fingir que estou a dar luta. Gosto de despertar nelas o seu lado mais predatorial. Elas têm de se esquecer o mais possível que estão a pagar para estar com um homem e têm de imaginar que aquele que está ao lado delas é a sua fantasia perfeita tornada realidade.

Tem de se acomodar à fantasia delas.

Precisamente! Eu tenho de ser um camaleão dos sentimentos delas. Tenho de acompanhar os estados de espírito. Interessar-me, deixar-me levar, deixar que sejam elas a fazerem o que querem de mim, em vez de ser ao contrário.
É aqui que eu acho que me distingo da maior parte dos meus colegas de profissão. Muitos acham que têm de passar os dias nos ginásios e em Spa’s a cuidar da sua aparência. Eu também passo uma hora no ginásio todas as manhãs, mas passo o resto da manhã a ler jornais, a ver noticiários, documentários, a ir ao cinema, a ler, etc. Não quero ser apenas um pedaço de carne para uma mulher. Quero ser a companhia que ela gostaria de ter sempre ao seu lado. E assim vou criando o meu carisma, em vez de desenvolver apenas a minha aparência. Consigo imaginar-me a fazer isto até aos sessenta anos de idade. Já não posso dizer o mesmo dos meus colegas.

Mas eventualmente chegam a vias de facto, certo?

Claro. E também há técnicas que se desenvolvem para que a coisa corra na perfeição.
Vamos tomar aqui algumas premissas em consideração. A mulher moderna sente sempre que lhe falta alguma coisa. Sente que falta romantismo na sua vida. E na maior parte dos casos, nem sabe bem o que lhe falta. Foi educada a pensar que tinha de ser tão boa como os homens, e isso coloca uma grande pressão sobre ela. Às vezes até é ela que coloca essa pressão sobre si própria. Isso cria uma dissociação difícil de explicar.
Como é uma profissional dinâmica e mexida, está sempre a ser posta à prova. E isso acaba por fazer com que esconda o seu lado mais romântico do resto do mundo, sob pena de ser considerada uma galinha lamechas. Comigo elas podem deixar cair essa máscara e mostrar-se como são. E é isso que eu aproveito.

Mas chega a um ponto em que é preciso tomar as rédeas, não?

Pois. Quando quero acelerar a sessão, por a gaja ser particularmente chata, por exemplo, costumo agarrar-lhe suavemente na mão, dar-lhe uma festinha, olhá-la nos olhos e dizer-lhe qualquer coisa como “Sabes, comigo não tens de fingir. Eu percebo que queres companhia e um ombro amigo. É verdade que nós temos uma relação comercial (e sorrio, para aliviar a tensão da frase), mas a verdade é que eu gosto muito de estar contigo. Se não quiseres fazer amor, tudo bem. Não tens de pagar nada. Eu sairia contigo de qualquer maneira. Só não digas isto a ninguém (novamente, um sorriso cúmplice).”

Fantástico! Imagino que isso seja tiro e queda!

Nem mais! Mal acabo de dizer uma merda destas, as tipas normalmente ficam com os olhos molhados e abraçam-me com força. E não são só os olhos que devem ficar molhados, a ver pela velocidade com que a seguir me levam para casa delas ou para o Hotel Ibis mais próximo!

Que é o que parece estar a acontecer neste momento com a doutora Madalena, certo?

Ora bem. Vocês acabaram de ver precisamente esse abraço, e agora lá vamos nós a alta velocidade, no BMW dela, para sua casa. Algumas chegam mesmo a levantar o volume do rádio nesta altura, e cantam!

Cantam?! Mas porquê?

Não faço ideia!
Devem sentir-se aliviadas, contentes, felizes ou qualquer merda assim.
Na realidade, estou-me um pouco a cagar. Desde que me levem vivo até ao meu destino, já me dou por sortudo. É que me aparece com cada uma que conduz mal para caraças!

E agora estamos a chegar a casa da Madalena?

Sim, ela mora naquela vivenda em XXXX.
E agora estamos a entrar para a garagem interior da moradia.
Como já conheço a Madalena, já lhe sei as preferências e fantasias. Isso permite-me adiantar-me ao serviço, sem que tenha de ser ela a dizer-me o que quer.

Mas é impressão minha, ou você está a pedir-lhe para ver o motor do carro?

Sim, isso mesmo. Mas há um motivo bom para isso.
A Madalena uma vez contou-me uma das suas fantasias. Como ela conduz mal como o raio – apesar de não se aperceber disso – passa a vida a levar o carro à oficina. Como os mecânicos sabem quem ela é, tratam-na sempre com o maior respeito. Mas a fantasia dela era um dia dar de caras com um mecânico jeitoso, mas agressivo e bruto. Um mecânico que refilasse com ela pelo estado em que ela deixou o carro e….

Deus! Será que estou a ver bem? Você fechou o capot do carro e deu-lhe uma bofetada?!

Sim. Era isso que lhe ia contar a seguir. Isso é o resto da fantasia. A Madalena gostava que um mecânico jeitoso a tratasse mal e a violasse em cima do capot do carro. Decidi pegar por aí naquele dia.
Mandei-lhe uma lambada no focinho e atirei com ela para cima do carro.
E quando ela ainda nem estava a perceber o que se estava a passar, rasguei-lhe o vestido e deixei-a em roupa interior.

Uau! Mas parece que ela está bem conservada, não? E parece estar a gostar!

Sim, ela deliciou-se com esta sessão.
Esta é a parte em que lhe arranco o soutien à bruta e lhe deixo as mamas expostas.
E agora…

…está-lhe a prender os braços de encontro ao pára-brisas…

Sim, estou a deixá-la exposta e à minha mercê.
Esta história é muito comum. Uma mulher algo importante, com um emprego respeitável, cargo de grande responsabilidade, e que gosta de ser chamada à razão pelo sexo oposto de vez em quando. Muitas das fantasias implicam controlo ou falta dele. É um escape, no fundo.

Um escape o caraças! É o capot! (risos)

E agora é a parte em que lhe desvio as cuecas para lhe dar uma lambidela na cona, de alto a baixo.
Acho que já deu para perceber a ideia… Hei!… O que é que você está a fazer, amigo?! Tire lá a mão das calças!

Desculpe… é que a cena está mesmo interessante… Mas diga-me, António, nem todas as mulheres têm estas fantasias, pois não?

Claro que não. Muitas delas só querem mesmo uns momentos românticos.
E aí está. Com a ficha de cliente actualizada, eu posso manter um registo do que cada uma delas gosta, podendo assim elaborar variações dentro do mesmo tema. Novamente, fidelização da cliente.

E como é que tratam do pagamento? Tem de pedir dinheiro no final?

Isso varia de pessoa para pessoa. Há mulheres que se sentem pouco à vontade ao pagar-me a seguir a uma sessão. Normalmente peço para me enviarem o dinheiro depois, por estafeta ou transferência bancária. É até mais conveninente para não terem de andar com tanto dinheiro na carteira. Mas alivia também o fardo psicológico de terem de me pagar pelo serviço. Já reparei que as mulheres, muito mais que os homens que frequentam prostitutas, gostam de se esquecer que há ali uma relação comercial.
Para além de que pedir para me pagarem no dia seguinte demonstra alguma confiança. Isso só ajuda à relação. Regra geral, tenho o dinheiro na minha conta até ao meio-dia do dia seguinte.

Então e depois do acto propriamente dito? O António vai-se embora ou fica com as suas clientes durante mais um bocado?

Como lhe disse, eu só faço um serviço por dia. Isso deixa-me à vontade para ficar com as minhas clientes o tempo que elas quiserem.
Para além disso, eu gosto de ficar em casa das clientes ocasionalmente. Gosto de me levantar a meio da noite e fazer um caminho diferente até à casa-de-banho. Arranjar-me em frente a um espelho diferente, tomar um duche rápido numa banheira que não é a minha, perfumar-me e voltar para a cama para uma sessão de sexo madrugador. Um pequeno bónus que costumo incluir sem custos adicionais.
Às vezes são as clientes que me perguntam se eu me quero ir embora, ao que costumo responder que gostava da companhia delas para o resto da noite, se não se importassem. Elas ficam derretidas com a proposta!
Se ainda lá estiver quando elas acordarem, costumo fazer algumas observações despropositadas. Digo-lhes que são mesmo sexy’s, ou que parece que estão a perder peso, ou dou alguns palpites para a escolha da roupa para aquele dia.
E acho que é aqui, novamente, que eu me distingo da maior parte dos meus colegas de trabalho.
Eu levo o serviço a sério. Não me vou embora assim que acho que terminei a minha função. A minha função é estar ao dispôr da cliente, transmitindo sempre um ar de que não gostaria de estar a fazer mais nada com o meu tempo.
E isso ajuda a que volte a ter novo contacto.

E com que regularidade é que o contactam? Já perdeu alguma cliente?

Neste momento não estou a aceitar clientes novas pois não tenho tempo.
Tenho uma carteira de clientes que já chega a uma centena.
Passo a vida a trocar mensagens queridas e lamechas com elas ao telemóvel, pois sempre que se lembram que eu existo, lá vem um sms com uma xaropada qualquer.

Como por exemplo?

Como por exemplo, deixe-me ver aqui a última que recebi no meu iPhone, “Ontem foi espectacular, Antonio! Tu n existes! Se me sair o Euromilhoes esta semana, vais passar a ser so’ meu! Chuac! :-)”, e merdas deste género. Gasto um verdadeiro balúrdio em contas de telemóvel! O que vale é que ganho bem e não pago impostos…
Algumas até me costumam pagar mais do que o normal. Ganho uma média de trinta e cinco mil euros por mês. Para além do fundo de desemprego, claro.

Uau! Mesmo em tempo de crise?

Os artigos de luxo nunca sofrem com as crises! (risos)

Não quer um colega para partilhar os serviços? Olhe que eu não me importava de receber metade do seu salário! (risos)

Só se for como assistente de sms! Ainda no outro dia ia tendo um acidente por causa disso. Já não dou conta de tanta mensagem que vou recebendo!

Será justo afirmar que por baixo dessa máscara de homem sensível e decente se encontra um verdadeiro demónio machista?

Pode chamar-me o que quiser.
A verdade é que a profissão das pessoas as obriga a não serem verdadeiras. Têm de sorrir quando não lhes apetece, têm de ser simpáticas quando se sentem deprimidas.
Eu forneço um serviço que tem procura. Estou bem posicionado como acompanhante moderno, não tenho de dar satisfações a ninguém e gosto daquilo que faço. Se isso implicar que tenha de passar por algo que não sou enquanto estou num serviço, que assim seja.
Você pode chamar-me demónio machista e hipócrita, se quiser.
Eu considero-me um profissional de grande qualidade.
Alguém que sabe fidelizar a clientela.




História impressionante…muito bem André.


André, não ficaste com o contacto desse senhor, por acaso?
Não é para mim, é para uma amiga…


Posso tentar descobrir. Mas olha que ele disse na entrevista que não estava a aceitar clientes novas. Pode ser que ele mande a tua amiga para um colega… (não são só os médicos que fazem estas coisas, afinal)


Não te preocupes, quando ele vir a boazona da minha amiga, ele vai querer arranjar tempo 😉

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