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A paralisação e o Euro 2008

Tenho de confessar que não estou chateado com os camionistas portugueses. Eles são uns pobres imbecis, sem qualquer instrução, e que fazem a única coisa que um cidadão simples pode fazer quando confrontado com uma situação que não compreende: culpar o Governo de tudo e mais alguma coisa. Estou chateado é com a paralisação em si. Por dois motivos fundamentais. E atenção, nenhum deles relacionado com a falta de combustíveis ou alimentos nas prateleiras (a malta que ande de bicicleta e coma enlatados!).

Aquilo que me chateou, para começar, foi chegar à triste conclusão que este país pode ser tomado refém por um montão de trogloditas que assim o deseje. É que eu estou habituado a deixar que façam de mim – e do meu dinheiro – aquilo que quiserem. Tem é de ser por alguém com uma educação superior. Um advogado, um ministro, um publicitário. Esses sim, podem meter-me a mão no bolso e deixá-lo dependurado, com o forro branco virado para fora das calças, como uma língua sequiosa em busca de um gin tónico. Já estou habituado. Até fico desapontado quando passa algum tempo sem que alguma entidade estatal me dê uma machadada no lombo.

Agora… camionistas?! Isto vai contra tudo o que os meus pais repetiram incessantemente durante a minha juventude! “Filho, tens de estudar para seres alguém na vida. Olha que senão os espanhóis invadem-nos e comem-nos as entranhas!”. Então, pergunto eu, andei a estudar para quê? Para meia-dúzia de gorilas atravessarem as carrinhas a meio duma auto-estrada e vedarem-me o direito de consumir uma tonelada de gasolina para alimentar o meu possante Aston Martin? É um contrasenso, na minha opinião. O que é que virá a seguir? Ficaremos condenados a ostentar gadelhas gigantes se os cabeleireiros decidirem fazer greve?

Mas o que mais me chateou nesta paralisação, o que me deixou realmente lixado da vida, foi o protagonismo que os camionistas roubaram ao Euro 2008!
Em qualquer noticiário de televisão, o futebol passou para segundo plano!
Na maior parte dos telejornais, quinze minutos INTEIROS foram dedicados à história da paralisação dos camionistas, antes dos pivots passarem para as temáticas do Euro 2008!
Assim não vamos lá!!! Não estamos a jogar como uma equipa!!
Não enquanto a comunicação social se comportar desta maneira, confundindo as suas prioridades, e colocando questões imbecis (como a falta de combustíveis e alimentos) à frente da contratação do Scolari pelo Chelsea, das opiniões da irmã de Cristiano Ronaldo ou das entrevistas aos empregados de mesa portugueses que trabalham no hotel onde a Selecção Nacional está hospedada!
POR-TU-GAL!! POR-TU-GAL!!




Trogloditas?
Gente sem instrução?
Pobres imbecis?
Meia dúzia de gorilas?

Sinceramente…acabou de perder um leitor do seu blog!

Considere-se, a partir de hoje, o verdadeiro imbecil e troglodita!!

Escreva com respeito! Tenha respeito!
Humor…mas com respeito…especialmente a quem trabalha!


Ok. A partir de hoje sou o verdadeiro imbecil e troglodita.

(já agora, a título de curiosidade, eu também trabalho. E perdi alguns clientes porque os produtos que a minha empresa comercializa não me foram entregues a tempo e horas, tudo porque um grupo de camionistas acha que o Governo e o resto do país tem de subsidiar a sua actividade. Mas pronto, não me importo de ser o verdadeiro imbecil e troglodita. Afinal, o que mais se quer quando se escreve – humor ou não – é estar preocupado com questões de “respeito”)


A partir de hoje este site deixa de constar dos meus favoritos…e de tudo o resto se o houver. Respeitinho pelos outros é bonito e eu gosto. Gozar sim, mas com classe, que é o que falta aqui. Então, até nunca!


Ao longo de todos estes anos, já gozámos e ridicularizámos – umas vezes devagarinho, outras vezes mais à bruta – centenas de entidades diversas. E não tenho dúvidas que lá fomos perdendo alguns leitores ocasionalmente. Até porque, se ficarem por aqui tempo suficiente, é natural que acabem por dar com algo que não gostem. Porquê? Porque isto é um site repleto de visões pessoais. Logo, são opiniões. E quem nos lê tem direito às suas opiniões, sendo por isso que também afixamos aqui os comentários mais negativos.

Porque raio é que este post está agora a provocar consternação, especialmente quando todos fomos afectados pela dita paralisação (nomeadamente eu, que também trabalho, como já referi), é algo que me ultrapassa.

Se querem dar-se ao respeito, respeitem também os outros. Não façam greves da treta – mais coagidas do que voluntárias – para obrigar todos os portugueses a pagar as despesas de alguns.

E se acham que chamar trogloditas a um monte de portugueses que só provocaram foi prejuízos e dificuldades a outros portugueses é uma grande ofensa, acho que está na altura de deixarem de ser uns meninos da mamã.


P’lo amor de dEUS.
quando a internet chegar ao ponto de poder mostrar várias opiniões pessoais sobre qualquer assunto onde estas andem de mãos dadas com comentários insultuosos(exceptuando o youtube), então com boas certezas vos digo: o fim estará próximo.

Interrompemos agora este comentário para passar a um directo de Neuchâtel onde o repórter Nuno Luz está a acompanhar a selecção portuguesa. Nuno.


Na realidade, a matemática que caracteriza o rácio entre comentários ofensivos versus comentários concordantes é de muito simples compreensão (e até de alguma previsão).

Ora tomemos este caso.

Segundo a Antram, no documento de caracterização do sector (cliquem aqui para aceder a essa página), a frota total actual de camionagem está contabilizada em 101 747 veículos.
Mas vamos não ser coquinhas e arredondemos para baixo para os 100 000 veículos.

Ora para cada veículo tem de haver um condutor/camionista para o conduzir, certo?
E vamos supor que esse camionista tem uma base de simpatia fora do sector que totalize mais duas pessoas (uma mulher e um filho, por exemplo).

O que isto significa é que se você tiver um pai ou um marido camionista, estará mais atreito a juntar-se à sua causa (e, claro está, a discordar de opiniões contrárias).
E apesar da maior parte dos camionistas provavelmente terem uma base de simpatia maior que esta (mais filhos? amigos? familiares?), vamos manter-nos nas duas pessoas, apenas para ilustrar este ponto.

Ora se para cada camionista temos mais duas pessoas que o apoiam por base de simpatia, e se temos 100 000 camionistas neste país, pela lógica teremos 300 000 pessoas (pelo menos) a apoiar a causa, directa ou indirectamente. Isto para não falar da esquerda política, outros associados da Antram, etc.

Se a população activa nacional se centra nos 6 milhões de portugueses, 300 000 pessoas equivalem a cerca de 5% desse valor.

Ao que rapidamente chegamos à conclusão que se este site tem uma média de 200 leitores diários, uma média de 5% deles (10 leitores) vão discordar de qualquer coisa que se diga acerca deste assunto. Independentemente do grau de (des)respeito demonstrado.

Parece uma forma um pouco tosca de fazer este cálculos, não é?
No entanto, já vi relatórios estatísticos com menos precisão que este…


Eu tb acho q se deve respeitar toda a gente mas nem tanto ao mar nem tanto à terra pázinhos! Eu venho a este blog à muito tempo e isto sempre foi assim. Eu concordo com o André Toscano não só no post mas em td o q ele disse a seguir. Se acham q se sentem feridos demais por faltas de respeito e afins, fiquem-se pelas tardes da Júlia Pinheiro ou vejam a Praça da Alegria. O dizquedisse sempre foi um site q bate no ceguinho e põe o dedo na ferida, e espero q continue sempre assim.


Se há coisa a que sempre achei piada foi ver leitores a defenderem-nos de outros leitores. 🙂

Mas pronto, ok, verdade seja dita, a malta às vezes passa-se um bocado e vocifera para aqui o que lhe vai na cabeça. Às vezes são coisas menos simpáticas, outras vezes têm mais piada. Mas é preciso compreender que isto nunca foi um espaço de auto-censura.
É claro que os camionistas não são todos uns trogloditas ou imbecis (e, infelizmente, espero que também tenha ficado claro que eu não tenho um possante Aston Martin…).

Só não façam disto um bicho de sete cabeças. Já há coisas suficientes para nos chatearmos nesta sociedade em que vivemos. Não é preciso começar a atacar blogs só porque não gostaram duma ou de outra expressão. Foi só uma manifestação de desalento de alguém que sofreu no pêlo os efeitos da paralisação.


Só não percebo porque é que sentes necessidade de te defender. Eu não me senti ofendido pelo post (aliás achei muita piada, como a quase todos os posts q aparece aqui no dqd).
Como dizem os bifes, if you can’t stand the heat, stay out of the kitchen.


Mariachi, o problema é que se alguém se ofendesse por uma questão de discordância de conteúdos, então isso era uma coisa.

Mas ninguém parece estar a discordar de nada. Apenas estão a apontar dedo ao facto de que houve alguma falta de respeito na linguagem utilizada. E um gajo, de vez em quando, tem de ser homenzinho suficiente para admitir que fez merda…


É o velho problema do ‘politicamente correcto’, conceito a que o ‘tuga’ ainda é muito atreito, e cujo uso e defesa é, para ele sinal de superioridade moral. Obviamente que o humor está destinado a chocar com esse conceito.


Acho que o DQD devia fazer greve também, de forma a poupar-nos a certo e determinado tipo de comentário de leitores que enfiam a primeira carapuça que lhes sirva.

Até onde é que este país vai descer?


se perderem hoje com a alemanha descem da suiça e voltam cá pó resto das férias.


Era da maneira que deixavamos de ouvir falar da merda do Euro! Porra, que enjoo do caraças! Nem a Galp lhes pagou a gasolina para a Suíça… tiveram de ser os adeptos a empurrar a treta da camioneta. (pudera, com o preço a que estão os combustíveis…)

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