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Ele está de volta!

Eu gosto do Verão. A sério que gosto. E gosto mesmo de um Verão como este que temos tido, mais parco nas suas características fundamentais: menos calor e mais chuva, e uma quantidade ridícula de incêndios (a propósito, qual é a onda dos gregos, afinal? Têm de nos levar a melhor em tudo! Primeiro foi o Europeu de Futebol, e agora são os incêndios! Só não se safam nos indicadores socio-económicos: aí continuamos isolados na tão badalada “cauda da Europa” – lixem-se, gregos dum sacana!).

Mas por muito bom que o Verão seja, não há como escapar a uma ou outra contrariedade. Pessoalmente, o que mais me custou neste Verão, foi ter de aguentar quatro semanas (todo o mês de Agosto) sem poder ler o jornal Metro e, em particular, as sublimes crónicas de Rui Pedro Batista.

Eu já, em tempos, falei desta soberba coluna de opinião no DQD. Foi num Ménage à Trois em que fiz a devida vénia ao seu artigo sobre o Caso Maddie (se não ouviu, vá já tratar disso! Nem lhe vou dizer em qual das edições foi!).

Rui Pedro Batista é um caso exemplar no nosso cinzento panorama nacional. No seu extenso currículo o factor comum será, eventualmente, o do pragmatismo e da frieza dos implacáveis números. Senão vejamos: Licenciado em Gestão de Empresas, MBA em Finanças, Doutoramento em Gestão. Jornalista em várias publicações de prestígio. Foi director da “Agência Financeira”. Pivot de informação da TVI (tinha de ser) e comentador de assuntos económicos na RDP. Actualmente é Director-Geral da Impresa Turismo e Lazer.

Ora, ninguém diria que uma pessoa com este percurso académico e profissional, fosse também detentora de uma inultrapassável sensibilidade dramática. Mas é precisamente esta vertente oculta a que transparece nos seus inspirados e inspiradores artigos de opinião do jornal Metro. A prosa de Rui Pedro Batista consegue ser, a um tempo, tocante e poética, comovente e luminosa.

Foram, portanto, difíceis estas semanas em que me vi privado das palavras sentimentais de Rui Pedro Batista. Mas Rui Pedro Batista sabe cuidar dos seus fãs (eu não estou sozinho: houve uma vez que li uma carta de um leitor que tecia elogios mais inflamados ao nobre redactor do que estes que por aqui estão), e sabendo que esta pausa lhes seria dolorosa, regressou esta semana com um artigo de elevadíssima qualidade (como sempre, de resto).

Como eu sei que nem todos os leitores deste site têm contacto com o jornal Metro (embora esteja disponível em edição digital aqui), vou tomar a liberdade de transcrever e comentar alguns trechos do artigo da passada segunda-feira (é sempre à segunda, para começar a semana em beleza).

Neste artigo, Rui Pedro Batista ensaia, com uma sensibilidade desarmante, um elogio à companheira amada, dissertando sobre a divina bênção de envelhecer juntamente com a pessoa que se ama.

Cada dia que passa, estás mais interessante. Mais mulher. Mais companheira, mãe. Amiga, amante, madura. Tudo. Eu sei do que falo. Já te conheço há tanto tempo. De outras vidas com toda a certeza.

E aqui se descobre mais um traço da genialidade do autor: não se quedando no directo sentimentalismo, não hesita em aventurar-se pelo meio de arriscados recursos estilísticos. Mas o que um leitor menos sensível pode tomar por pontuação bizarra e gradações sem nexo é, na realidade, uma poderosa linguagem que se lança com pontaria ao âmago da alma do leitor.
Destaque ainda para a subtil referência à morte e para a introdução da crença mística da metempsicose.
A referência à morte é, de resto mais aprofundada no decorrer do artigo.

À medida que os dias passam, ganho consciência que um dia, com toda a certeza, te vou perder. Essa percepção já me fez sentir, no passado, infeliz. Triste. Até desiludido. Mas hoje não. Apenas serve de alerta. Para que cada minuto, segundo, que vivo contigo, seja único. E é.

E cá está! Rui Pedro Batista faz um elogio da beleza do amor e da ternura, mas não se esquece que uma relação com sentido é feita de bons e de maus momentos, de bonança e de dificuldade. Esta é a grande lição do seu opúsculo. E é uma lição que o autor quer deixar bem clara.

Não me recordes por favor quantas vezes no passado é que eu, em vez de te abraçar, parecia querer correr contigo da minha vida. Mas tu sabes como eu sou inseguro. Demasiadas vezes não soube entender o teu olhar. Tudo isso era uma forma infeliz de te dizer que te quero bem, que te amo.

Destas dificuldades de comunicação se faz uma convivência de anos! Mas não são só estas as dificuldades que se enfrentam:

Olha, quando as tuas pernas começarem a ficar paradas pelo tempo e pela doença, eu vou querer continuar do teu lado. Ajudar-te a sentar e levantar. Ser a tua muleta. (…) Não fiques chateada comigo. Mas eu preocupo-me. E gosto de te mimar.

O final do artigo é completamente arrebatador, com o autor a admitir que, em nome deste bonito amor, era capaz de enveredar por uma vida de crime, para depois prosseguir para a triunfante apoteose do último ponto final.

Lembras-te quando eu corria para te comprar rosas bonitas? Aquelas que vinham em caixas grandes? (…) Pode ser que daqui a uns anos o dinheiro não chegue para esses pecados. Mas deixa lá. Eu roubo umas flores no jardim mais próximo. (…) Quando é que vamos dançar outra vez? Os dois. Lembras-te? Agarrados um ao outro. A ouvir a mesma música. A nossa vida tem sido assim. Ouvimos a mesma música. E é bonita. Obrigado por esta nossa vida. E se me deres licença, fica a saber que tens aqui um ombro. Encosta-te a mim. Não peço mais nada.

Para quando um livro de Rui Pedro Batista?




Mal posso esperar para ler esse livro que de certeza irá sair. Fiquei fascinada com tanto amor que esse senhor tem para dar. Quando é que o Metropolitano chega a Torres Vedras?


Meus caros elementos da família DQD,

A partir de hoje (perdoem-me, mas só hoje é que tive conhecimento deste blog), vou com toda a certeza viver bem mais alegre e bem disposto com os textos que fazem o favor de publicar aqui.

Ironia, humor e sobretudo muita inteligência… hilariante… grande gargalhada que me fizeram dar…

Muito bom este vosso blog.

Obrigado e um abraço,

Rui Pedro Batista

🙂


Caro Rui Pedro Batista,

Muito obrigado pelo extraordinário fair-play! É revigorante cruzarmo-nos (ainda que apenas virtualmente) com pessoas capazes de se rir consigo próprias.

Contentes ficamos nós por termos conquistado a sua preferência. E já sabe que, pelo que me toca, tem aqui um leitor fiel das suas crónicas (veja lá isso do livro!).

Grande abraço!

Em nome da família DQD,

João Troviscal

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