Quando contactámos a nossa extensa equipa de design gráfico e lhe pedimos para imaginar como seriam os animais do futuro tendo em conta os avanços da engenharia genética, a resposta foi unânime “Finalmente, um trabalho decente!”. Por isso, apresentamos aqui, em exclusivo nacional, um olhar sobre o futuro. Como poderão os animais evoluir dentro de pouco tempo? Que mutações ocorrerão? Será que existirão máquinas de engenharia genética portátil à venda na Worten? Eis algumas das conclusões a que chegámos.

ORANGOBOXER

Dizem que o cão é o melhor amigo do homem. E da mulher também, para esse efeito (ao contrário daqueles cidadãos mais machistas que afirmam que “é o cartão de crédito”). Mas também dizem que nós evoluimos dos macacos. Pelo que uma mistura de cão com macaco faz todo o sentido. Assim será possível ter um animal de estimação que não só é um amigo (a parte canina), como também nos poderá fazer companhia para ver as telenovelas da TVi.

ARARÃO

Mas a experimentação com cães não parará com o Orangoboxer. O Ararão, mistura de uma vulgar arara com um cão, fará as delícias da pequenada. Finalmente, um cão como animal de estimação que não é necessário levar a passear três vezes ao dia! Sempre que precisar de se aliviar, bastará levantar voo e fazer as suas necessidades na varanda do vizinho de baixo, por exemplo. E isto também reduzirá o risco de atropelamento automóvel. Será uma espécie muito popular nas grandes cidades. Não tanto no campo onde – embora não corra o risco de atropelamento – corre o risco de ser vítima de caçadores furtivos. Terá também de ser equipado com uma longa língua (ver foto), uma vez que essa é a única maneira que possuirá de caçar os insectos que constituirão a sua dieta alimentar.

CHIMPANCÃO

Quando cruzamos um chimpanzé com um cão, o que é que obtemos? Um Chimpancão, claro está! Digamos que o Chimpancão poderá ser a versão “mais em conta” para todos aqueles que não têm condições de adquirir um Orangoboxer. Também correrá atrás de bolas, paus e funcionários dos CTT. Mas, à noite, descansará tranquilamente aos pés dos donos enquanto rói… uma banana. Para além de que possui um ar dócil que causará grande inveja aos restantes membros do seu edifício.

GALINOISE

Já que falamos de mutações genéticas em cães, não podíamos deixar de referir o brilhante Galinoise, uma mistura de galo bravo com um cão de raça Pequinoise. E porque é que não podemos deixar de o referir? Porque será uma espécie muito popular entre os adeptos de lutas de cães bem como dos adeptos de lutas de galos! Finalmente, uma espécie que reúne ambas as qualidades e que será a principal responsável por animadas noites de luta nos bairros mais problemáticos da nossa sociedade.

GAIGATO

Os amantes de gatos não se poderão queixar, pois também existirão inúmeras espécies criadas para o seu deleite. O Gaigato, por exemplo, será uma mistura duma vulgar gaivota com um gato. À partida, pode não parecer uma espécie muito útil. Mas, do ponto de vista do amante dos felinos domésticos, poder levar um Gaigato à praia é um luxo que não é possível nos dias que correm. Pensem também no turismo. Os povos estrangeiros mais evoluídos são amantes incondicionais dos animais. Com bandos de Gaigatos a percorrerem a nossa costa diariamente, não tardará até que cheguem nórdicos (e nórdicas) aos milhões, com os seus muito requisitados euros tão vitais para a nossa economia.

GATILO

Por algum motivo que ainda ninguém soube explicar, a criação de esquilos nunca pegou no nosso país. Essa triste condição mudará rapidamente de figura com a introdução do Gatilo nas nossas fronteiras. Juntando a inteligência e perspicácia do felino à destreza do esquilo, possuiremos uma espécie única, capaz de trazer novamente as famílias às matas nacionais. Entre outras coisas, isso ajudará à consciencialização da necessidade de proteger as nossas florestas do fogo criminoso que as vitima todos os Verões. Seja sincero, se você imaginar um Gatilo em apuros, preso entre infernais labaredas, conseguirá ficar em casa sem fazer nada? O Gatilo trará, portanto, a personificação florestal que nos falta. Já não são apenas árvores a arder: haverão gatilos em perigo!

POINTER-DO-ENTRONCAMENTO

Dizem que o sonho de qualquer menina é possuir um Poney ou um cavalo. Pois bem, o Pointer-do-Entroncamento vem resolver as ansiedades de todas as meninas que até gostariam de ter um, mas que não possuem espaço no apartamento dos pais. Sendo uma mistura de British Pointer com um cavalo, pode inclusivamente ser utilizado para levar para a caça. Pelo que calculamos que, de todas as espécies atrás apresentadas, esta será aquela que mais sucesso fará junto daquelas camadas mais elevadas da sociedade que, por algum motivo, não têm dinheiro para morar numa quinta. Convém não confundir o Pointer-do-Entroncamento com o seu primo do Leste, o Pointer-de-Chernobyl. O Pointer-do-Entroncamento pode ter o seu quê de real sangue azul, mas não brilha no escuro como o Pointer-de-Chernobyl.

PAVALO

Os pais que desistiram no último ano do liceu porque engravidaram a filha da dona do bar da escola num encontro semi-fortuito por trás do balcão das empadas não precisam de se preocupar: haverão mais soluções disponíveis! Sim, também poderá dar à sua filha algo parecido com aquilo que os pais mais cultos e endinheirados dão às suas filhas, graças às novas tecnologias. E é essa a razão de ser do Pavalo, um brilhante cruzamento entre um pato e um cavalo. O Pointer-do-Entroncamente tem como target famílias de classe média. O Pavalo encontrar-se-á mais virado para o mercado de consumo das classes baixas. Uma espécie de LIDL ou Minipreço dos animais. Aliás, é bem possível que até possa ser vendido nestes estabelecimentos. E, quem sabe, uma vez que em produtos idênticos e comparáveis o Minipreço está equiparado ao Pingo Doce, provavelmente também poderá encontrar magníficos Pavalos à venda “no sítio do costume”.

GANÁRIO

Que raio de seres humanos seríamos se não falássemos também um pouco do ser que ilustra a página de entrada deste site, o Ganário? Querido como um canário, inteligente como um gato, parece que até já estamos a ver o slogan que será o argumento de vendas de eleição desta espécie: “Ganário, um pássaro que você consegue acariciar.”. Quem sabe, com alguma sorte, até poderá ser utilizado como imagem de marca para os próximos anúncios da Scottex. E, tal como o Ararão, não haverá grande preocupação com a higiene pessoal do animal. Longe irão os dias daquelas caixas de serradura inestéticas, ali prostradas na cozinha como um velho demente num lar da terceira idade, a estragarem-nos o arranjinho cuidadosamente elaborado com peças de decoração compradas nos saldos do Ikea. Não, senhor, nada de casas a tresandar a mijo nem ruídos estranhos de escavações na areia enquanto saboreamos as almôndegas! Quando o Ganário quiser fazer o seu chichi ou o seu cocó, basta abrir uma janela.

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Isto foram apenas alguns exemplos do que poderá ser o futuro da engenharia genética aplicada a animais de estimação. Como vêem, não há motivo para passar cartão àquelas manifestações de activistas dos direitos dos animais ou militantes da bioética. Esperam-nos tempos excitantes! Esperemos estar vivos para os presenciar.

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