siga-nos nas redes
Facebook
Twitter
rss
iTunes

Humor de casa-de-banho

Existem certos objectos que, dada a sua banalidade, acabam por perder, aos nossos olhos a sua real importância. Contamos com eles de tal forma, que os damos por seguro, sem perder um momento que seja a apreciar o valor do contributo que dão para o conforto geral da nossa vida. O rolo de papel higiénico é um destes objectos. Estamos, desde tenra idade, habituados a recorrer a este magnífico invento, e só nos apercebemos do real inferno que a nossa existência seria sem ele quando vamos para limpar o rabo e notamos que o único pedaço de papel higiénico que resta em nossa casa é aquela mísera meia-folhinha agarrada ao cilindro de cartão. Imagine, caro leitor, como seria o mundo se amanhã acordasse e ouvisse nas notícias da manhã que, por uma qualquer insondável razão, todo o papel higiénico do planeta tivesse desaparecido (quiçá, fruto do trabalho de alguns extraterrestres desesperados que esgotaram os recursos de papel higiénico do seu planeta: «We come in peace! All we want is your toilet paper!»- nos filmes que tenho visto, os extraterrestres costumam falar em inglês). Não é um quadro bonito de se imaginar…
Por estas e por outras é que acredito que já vai sendo altura de alguém prestar homenagem a este singelo objecto. E que local melhor do que o Diz Que Disse para o fazer? Vamos a isto então:

O papel higiénico é uma grande invenção!

Pronto! Já está!
E, uma vez dito isto, tenho uma confissão a fazer: infelizmente, eu não dou ao papel higiénico a consideração que ele merece. É verdade, também eu sou daqueles que dá o papel higiénico por garantido. Decerto que há por aí pessoas a tratar o papel higiénico como deve de ser; a organizar dossiers de fichas, cada uma dedicada a um papel higiénico específico, onde este é avaliado sob vários parâmetros… De qualquer forma, eu não sou assim – há que admiti-lo! Eu não passei por nenhuma situação em que tivesse pensado para comigo: «Eh pá, que papel higiénico horrível! Tenho de passar a ter mais cuidado na altura de comprar isto!». Por isso, o meu método no que diz respeito à compra de papel higiénico resume-se a chegar ao corredor do supermercado, olhar para aquilo tudo, e escolher o mais barato.
Foi numa destas últimas compras que me deparei com uma inovação sublime. Havia, lá para o meio dos pacotes de rolos, um que custava bastante mais do que os outros. O que tinha de especial? Nem mais nem menos do que o facto de ser PRETO. Alegadamente, trata-se de um papel higiénico “especial”, dirigido à elite que não dispensa o topo-de-gama, pensado para o, digamos, gourmet de casa-de-banho que quer estar na vanguarda. É um papel higiénico de classe, que empresta à sua casa-de-banho charme e sofisticação…
Mas será que alguém acredita nisto? Será que há mesmo quem compre este papel higiénico na véspera de uma festa em sua casa na esperança de impressionar os convidados? Será quem alimente a esperança de causar inveja com aquilo:

«Querido, reparaste no papel higiénico dos Bernardes? Aquilo é que é classe! Gente fina… Só tu é que não me ofereces daquele papel bonito! É sempre branco, branco, branco!»

Ou então poder dizer com orgulho:

«Foste à casa-de-banho, hem? Então e aquele papel higiénico? Daquilo não vês tu em todo o lado, não!»

Há, no entanto, qualquer coisa aqui que não faz muito sentido… Concedo que um rolo de papel higiénico possa não ser a coisa mais elegante à face da Terra, e que é louvável o esforço de trazer um sentido estético a um objecto iminentemente prático (seja ele qual for, incluindo rolos de papel higiénico) mas, sejamos francos, embora estes rolos de papel higiénico sejam muito mais bonitos que os normais, não me parece que sejam bonitos ao ponto de colocá-los na estante da sala a servir de bibelots (posso estar errado; eu não percebo muito de decoração de interiores). A ideia daquilo é, à mesma, limpar o cu, ou não?! Mas é que, neste caso, levanta-se um problema grave: se o papel é preto, como é que vou conseguir descobrir quando é que a minha cavidade anal já está limpa? É suposto usar o olfacto? Se calhar, tenho de tactear o papel depois de dele me servir…
E será possível que ninguém, na empresa de papel higiénico, se tenha lembrado disto?




Acho que tens toda a razão!
No fundo, se a indústria tivesse os olhos bem abertos, rapidamente chegaria à conclusão que papel higiénico faz sentido em todas as cores menos em preto!
Queres prova mais cabal que o mundo em que vivemos é, de facto, a preto e branco? (o que torna o DQD o reflexo do mundo! Olha que frase tão bonita…)


Não pude deixar de reparar no trocadilho camuflado nas palavras do sr. André Toscano, qual seja: “a indústria” de papel higiênico “tivesse os olhos bem abertos”.
Não ‘percebem’? Aqui no Brasil nos referimos, de maneira chula, claro, ao conjunto do ‘cú’ como o ‘olho do cú’.
Enfim, nada mais justo que eles, que fabricam o papel que limpa os nossos olhos, tenham os seus abertos.
No que se refere a ‘cú’, encerro aqui minha colaboração!!
Não insistam!!
Álvaro Troviscal (o brasileiro)


Estive a aceder ao site da Renova, e lá eles fazem um grande destaque a este produto incrível. Eis o texto que acompanha a foto:

«
NEGRO. INCONFUNDÍVEL.

Descubra o novo papel higiénico preto RENOVA: ouse ser moderno e utilize um produto na fronteira entre a decoração e a arte, entre o luxo o mundano.

Produto ou objecto?

Cabe-lhe a si descobrir! Docemente perfumado com uma fragrância requintada, dará um novo toque ao ambiente da sua casa de banho…

Produto seleccionado pelo gabinete Nelly Rodi para exibição no “Salon Maison & Objects 2005”, em Paris.

Disponível para entrega imediata na loja Renova BLACK.
»

Isto é dos melhores exemplos de comédia involuntária que tenho lido nos últimos tempos!

Ao lado, diz:
«Ver também:
Perguntas mais frequentes (FAQ)»

Eu fui à parte das FAQs, mas não encontrei lá qualquer resposta à GRANDE questão, a saber, COMO É QUE SEI QUANDO É QUE TENHO O RABO LIMPO?!
Uma missão para Acácio Jeremias?


Sem dúvida!
O Acácio Jeremias está em cima do assunto!
Mas este produto da RENOVA introduz umas contradições muito interessantes. Ora se eu aderir ao novo papel higiénico, estou a fazer precisamente o que eu não quero que ele me faça a mim: aderir!
Mas se não comprar o dito produto, pode-se dizer que me estou a cagar para ele!
Em que é ficamos então? Adiro ao raio do papel? Ou cago-me para ele? E em que situação o devo ou não comprar?
Isto é muito difícil e confuso… O melhor é continuar a comprar papel branco (ou melhor ainda, usar fraldas).


ponham-lhe bonequinhos, ou pintem-no de amarelo, agora fazê-lo em preto parece-me uma ideia um bocado parva…


DAAAAA… O papel preto é para usar em duas situações:
É para ser usado por invisuais (dos olhos de cima, claro) ou para quando estamos de diarreia que por ser amarela-clarinha vai dar um contraste linnnndo de morrer.


Houve uma altura em que estava muito na moda em Inglaterra o papel higiénico com palavras cruzadas ou com anedotas (provávelmente vêm daí as anedotas de merda da Dica da Semana). Creio que em Portugal um rolo de papel higiénico com caras dos políticos seria um best seller!


Acho piada à ideia do papel higiénico com as caras dos políticos. Assim podíamos começar a fazer-lhes aquilo que eles nos fazem a nós há muito tempo…


Papel higienico?…
Pode ser com a figura de Mr. Bush.


Obrigado por alimentarem a polémica acerca do melhor e mais civilizado papel higiénico do Mundo.

Sem polémica, como poderia ser?

Afinal cada um limpa o rabo onde e quando quer. Alguns seguramente nem o fazem.

Deixe o seu comentário