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Os Gato Fedorento e os esmiuçansos

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Sempre que algum fenómeno novo aparece em Portugal, é certo e sabido que rapidamente meia-dúzia de sabichões tirarão as cabeças das respectivas tocas em que se encontravam escondidos. Esses sabichões olham, então, à sua volta, e não perdem a oportunidade de afirmar, perante a massa anónima de ignorantes que consideram ser o resto do país, que eles não se deixam levar por cantigas. Não, senhor! Eles sabem qual a origem – normalmente estrangeira – do fenómeno que agora cá observamos. E é a sua missão informar o resto do país que eles sabem disso.

E este recente formato dos Gato Fedorento não escapa à língua afiada dos sabichões.
Digamos que não é inesperado. Que um chorrilho de imbecis iria desatar a comentar nas versões online dos jornais, afirmando que o Gato Fedorento é copiado do Daily Show e por aí fora, isso já nós estávamos à espera. Confesso-me até surpreendido como é que ainda ninguém reparou que o genérico “com coisas a andar à roda” foi inspirado no genérico da lendária série britânica The Day Today, produzida por Steve Coogan e Chris Morris em 1994. Ah, já sei, é porque nunca passou na televisão por cabo… a bem ou a mal, o que nos vale é que os sabichões só conseguem fazer comparações com aquilo que vêem quando estão a fazer zappings.

Agora, lermos um comentador dum jornal, ainda por cima um respeitoso jornalista como Ferreira Fernandes (cujas crónicas diárias no DN muito admiro) a acusar os Gato Fedorento Esmiúçam os Sufrágios de ser um plágio do Daily Show… francamente, era da classe jornalística que menos esperava ler uma coisa destas.

Por outro lado, compreende-se. Um jornalista vê aquilo que lhe parece uma falcatrua a ser cometida, e sente que tem de a denunciar. Está-lhe nos genes. Especialmente cá em Portugal, onde os comentários jornalísticos foram originalmente inventados.
O quê? Não foram inventados cá? Hmm…
Sim, mas pelo menos os jornais foram. Valha-nos isso!
O quê?! Também alguém inventou a imprensa escrita antes dos portugueses?! Estão a querer dizer-me que a publicação de notícias diárias em papel, com comentários de jornalistas residentes, não é um conceito nosso?
Bolas! Não tarda nada estão a dizer-me que a televisão também apareceu primeiro noutro país e que não foi inventada por nós…

Pensando bem, o Ferreira Fernandes é capaz de ter razão. Esses Gato Fedorento são uns plagiadores do caraças! Olhem para o Ricardo Araújo Pereira. Então não é que o gajo usa fato e gravata e está sentado a uma secretária, tal como o Jon Stewart?! Não tarda nada estão-me a dizer que também mijam os dois de pé…




Não diria melhor…
Belo comentário.


Pois de onde o formato foi copiado já sabíamos antes de o programa começar. Quanto à falta de qualidade e inovação bastou ver o primeiro programa. Nem todos podem ser bons em tudo sátira politica e vender fibra óptica não é a mesma coisa.


Isso é ser um bocado mauzinho.
É claro que o Ricardo ainda não tem a estaleca dum entrevistador profissional, especialmente quando confrontado com uma tropa de políticos que estão habituados a ter muita palheta e fazem disso a sua vida.
E se calhar falta um pouco de dinâmica na plateia, gargalhadas mais rápidas, no fundo, aquele tipo de produção mais profissional que se sente nos formatos originais. Mas é preciso começar por algum lado. Ou queremos ficar o resto da vida a queixar-nos que só “lá fora” é que se fazem coisas boas? Eu até acho as perguntas muito bem metidas.
Só haver um programa de sátira política onde as personalidades aceitam ser entrevistas já é, para mim, uma grande inovação.

Sim, o formato de entrevistas não é novo, nem dos talkshows, nem dos reality-shows, nem dos noticiários, nem das telenovelas. Porque raio é que a malta só se queixa das produções humorísticas nacionais?


Queixamos-nos porque estamos cada vez mais exigentes. O programa está bem escrito e com piadas bem metidas. O que acho que falta é dinâmica há alturas em que se nota, por exemplo, que o ZDQ está a ler. O RAP na entrevista podia esticar mais a corda. As partes mais interessantes acabam por ser aquelas em que os humoristas não têm intervenção como actores e apenas como argumentistas. (Por exemplo a sátira com a mudança de opinião do Alberto João Jardim).


PS: E quanto à “Fibra” temos de admitir que ao aceitarem aquele contracto publicitário tiveram como consequência que o publico não tivesse período de “defeso” do consumo de Gatos, o que é uma regra básica há muito adaptada por quem faz humor por cá e lá fora.

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